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Após denúncias, PUC não identifica antissemitismo – 25/02/2025 – Educação

Após apurar denúncias de antissemitismo por parte de alunos e professores da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), a Fundasp (Fundação São Paulo), mantenedora da universidade, afirmou que não identificou situações no âmbito institucional que justifiquem a aplicação de medidas disciplinares aos investigados.

A decisão foi publicada nas redes sociais da mantenedora na tarde desta terça-feira (25). Na nota, a fundação afirma que é fiel à sua vocação de educar e repudia toda forma de discriminação e que a apuração aconteceu por meio do setor de integridade.

No fim do ano passado, uma reportagem da Folha mostrou que o mal-estar e os traumas provocados pelo ataque terrorista do Hamas e pela ofensiva de Israel na Faixa de Gaza, em outubro de 2023, tomaram parte da comunidade acadêmica da universidade.

A guerra aumentou a tensão do tema no campus. De um lado, certas manifestações de apoio ao povo palestino e críticas aos bombardeios de Israel foram tomadas como antissemitismo, isto é, como discursos de ódio aos judeus.

De outro, estudantes que se declararam sionistas, ou seja, que defendem o nacionalismo judeu e seu direito a um Estado, foram apontados como apoiadores dos ataques a Gaza.

As pressões levaram à abertura de uma sindicância pela mantenedora da PUC-SP para a apuração de denúncias de suposto antissemitismo contra estudantes e dois professores de relações internacionais, Reginaldo Nasser e Bruno Huberman. As denúncias chegaram à Fundasp por meio da Federação Israelita de São Paulo (Fisesp).

Na nota divulgada pela fundação, a mantenedora diz que, durante as oitivas, docentes defenderam o direito de autodeterminação dos povos e o respeito aos direitos humanos de todos aqueles que vivem entre o rio Jordão e o mar Mediterrâneo, seja na forma de um, dois, ou mais Estados.

Nasser disse lamentar a forma como o caso foi conduzido. Segundo ele, “a PUC sempre teve a característica de ser democrática e transparente e resolver conflitos por meio do diálogo, impresso pelo dom Paulo Evaristo Arns. E tudo indica que isso está chegando ao fim”.

Ele defende que seja instituído um protocolo de discriminação que valha para todos, e não algo específico para um grupo. “Isso é até chocante porque no ano passado teve um episódio de atitudes racistas por parte de alunos da PUC e parece que está em processo”, diz Nasser.

Para o professor Huberman, a decisão da fundação, que não identificou antissemitismo por parte dos professores, “demonstra a tranquilidade com que nós conduzimos o processo”. “Desde o início, estávamos muito cientes de que não havíamos praticado nada, que eram acusações infundadas, e a decisão da fundação reafirma o compromisso histórico da PUC, com a liberdade de cátedra, com a liberdade de expressão, direitos assegurados pela Constituição.”

Ele afirma ainda que o episódio é importante para trazer à tona o debate sobre o antissemitismo contemporâneo, diante do que está acontecendo no Oriente Médio, “com objeção a toda forma de censura”.

“Nesse momento a censura perdeu, a tentativa de censura perdeu. No fundo, era isso que se tratava, não era uma acusação de antissemitismo, mas é uma tentativa de censura do nosso trabalho, do nosso grupo de estudos”, diz o professor.

Huberman ainda pontua que não vê a perseguição e racismo sofridos por estudantes árabes e muçulmanos da PUC sendo levados em consideração.

Diante da situação, a fundação instituiu um protocolo antidiscriminatório, que será anexado ao seu Código de Ética e que será de “cumprimento obrigatório para todos os que dela fazem parte”. Huberman critica a adoção, pelo novo protocolo, de parte da definição de antissemitismo da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA, na sigla em inglês).

O conceito foi adotado por pelo menos cinco estados brasileiros desde 7 de outubro de 2023. O governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) e a prefeitura de Ricardo Nunes (MDB) adotaram a definição, que não tem caráter legal nem vinculativo. Segundo o IHRA, “o antissemitismo é uma certa percepção dos judeus, que pode ser expressa como ódio contra eles”.

Entre os exemplos do que é considerado antissemitismo pela aliança estão manifestações dirigidas ao Estado de Israel “concebido como uma coletividade judaica” ou como “um empreendimento racista”. Críticos dessa definição, dentro e fora da comunidade judaica, argumentam que ela prejudica o debate sobre o conflito entre israelenses e palestinos.

Huberman afirma que a definição de antissemitismo deveria ser mais precisa e não levar em consideração a IHRA, que, para ele, envolve outros parâmetros perigosos, como a liberdade de expressão e a liberdade de cátedra.

O protocolo, porém, agradou a Federação Israelita de São Paulo. Para o diretor Daniel Kignel, a decisão da Fundasp foi satisfatória, uma vez que os docentes fizeram um compromisso de defesa da autodeterminação dos povos e de direitos humanos na terra de Israel.

Ele destaca que a federação ficou satisfeita com porque foi reconhecido o momento delicado “pelo qual a comunidade passa e foi definido um protocolo antidiscriminação, o que dá destaque ao enfrentamento ao antissemitismo no campus incorporando a definição de antissemitismo do IHRA”.

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