O secretário de Educação de São Paulo, Renato Feder, disse que diretores de escola e dirigentes regionais perderão os cargos que ocupam se não atingirem metas de desempenho estabelecidas pelo governo Tarcísio de Freitas (Republicanos).
“Se não subir [a nota da avaliação], tchau. Não bateu a meta, tchau. Eu posso adorar ele, mas se não subir é tchau”, afirmou em entrevista no último dia 5 ao podcast Market Makers, que aborda assuntos sobre o mercado financeiro.
O secretário disse que no início deste ano letivo já teria “demitido” 20 dos 91 dirigentes regionais (profissionais responsáveis por coordenar e supervisionar as escolas de uma determinada região) que não conseguiram atingir as metas estabelecidas.
“É muito simples, eu tenho 91 dirigentes regionais e eles têm uma meta mínima: subir 0,2 a cada ano. Se não subir, é tchau. Se ele subir, 0,1 ou empatar, ele tá demitido. Eu acabei de demitir 20. São caras que não entregaram resultado, são pessoas ótimas, mas que não entregaram e não faz sentido eu tê-las aqui”, disse.
Questionada, a Secretaria de Educação disse que os 20 dirigentes não foram demitidos, mas realocados para outras funções, como professor, diretor ou supervisor.
Segundo a pasta, as metas citadas pelo secretário são definidas com base nos resultados das escolas no Saresp (Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo), dados de frequência escolar e aprovação dos alunos e o desempenho em avaliações internas.
“O monitoramento é feito em tempo real por uma plataforma com informações detalhadas de cada escola, turma e aluno, disponíveis para toda a rede no Painel Escola Total, o que garante transparência e gestão com base em evidências”, explicou a secretaria.
Parte do desempenho avaliado por essas metas é o cumprimento do uso de aplicativos em sala de aula. Conforme mostrou a Folha, um estudo identificou que a obrigatoriedade dessas ferramentas digitais não resultou em melhora do desempenho das escolas estaduais paulistas.
Durante a entrevista, o secretário defendeu ainda que o Brasil “gasta muito dinheiro com educação”, mas não tem bons resultados educacionais por não ter mecanismos de responsabilização dos gestores.
“O Brasil investe R$ 350 bilhões ao ano na educação. O custo do aluno da escola pública no Brasil é de R$ 1.000 ao mês, o mesmo valor de uma escola particular na média. O professor da rede pública ganha mais do que na particular. Se você paga mais, investe parecido e o resultado é discrepante é porque na educação pública não há responsabilização”, defendeu.
Segundo ele, a sua gestão estabeleceu um sistema de metas para cada escola e dirigente para que eles possam ser responsabilizados. “Eu apoio o diretor, com livro, material, formação, mas cobro resultado.”
“O diretor tem que entregar que os alunos estejam indo mais para a escola e aprendendo mais. Se não entregar, ele tem que ser responsabilizado”, afirmou.
Em janeiro de 2024, a secretaria publicou uma resolução em que estabeleceu dois critérios para avaliar o desempenho dos diretores escolares: os indicadores de utilização das plataformas e as notas obtidas em avaliações externas, como o Saresp.
Diretores que tiveram uma avaliação considerada ruim podem ser removidos para outra unidade, designados para outra função ou obrigados a fazer um curso de capacitação.
Sindicatos da categoria denunciam que dezenas de diretores têm sido afastados dos cargos em razão dessa avaliação, mas a secretaria nunca informou o número de profissionais que foram penalizados por não atingir a meta.
















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