Enquanto estudantes de todo o país se preparam para o Enem, o Tocantins aplica no domingo (19) sua própria versão e alternativa ao exame. Criado em 2023, o Exato (Exame de Acesso ao Ensino Superior do Tocantins) segue princípios semelhantes a prova nacional, mas com foco regional, usando leituras e conteúdos do estado.
Chamado informalmente de “Enem tocantinense”, a prova funciona como um exame de habilitação, não como um vestibular tradicional. Ele unifica o ingresso nas instituições federais do estado, que deixaram de realizar vestibulares próprios.
Com isso, o candidato faz a prova sem precisar escolher um curso ou campus no momento da inscrição. A nota obtida pode ser usada depois em diferentes processos seletivos das instituições participantes —a UFT (Universidade Federal do Tocantins), a UFNT (Universidade Federal do Norte do Tocantins) e o IFTO (Instituto Federal do Tocantins)—, de modo semelhante ao Enem.
O exame foi elaborado com base na matriz curricular da educação básica estadual e reflete o conteúdo e o contexto das escolas locais. Segundo Eduardo Cezari, coordenador do exame e pró-reitor de Graduação da UFT, o exame nasceu do diálogo com professores e técnicos da educação.
Na área de linguagens, são cobradas obras de literatura regional, escritas por autores tocantinenses e publicadas pela editora universitária. Os livros estão disponíveis para download gratuito, o que garante igualdade de acesso entre os candidatos.
A redação também adota um formato diferente: o participante pode escolher entre mais de um gênero textual, e os organizadores divulgam três macrotemas com antecedência, para orientar a preparação.
De acordo com a instituição, o Exato é um projeto permanente de aproximação entre o ensino básico e o superior. Com isso, a iniciativa apresenta aos estudantes a trajetória acadêmica e fortalece uma identidade regional de educação.
Além de selecionar candidatos, o Exato funciona como instrumento de diagnóstico da educação básica. As notas permitem identificar áreas e regiões com desempenho mais alto ou mais baixo. As informações ajudam a planejar políticas de ensino e a orientar ações de formação de professores no Tocantins.
“Queremos entender como está o ensino no Tocantins e, ao mesmo tempo, acolher melhor o aluno que chega à universidade”, diz Cezari. “Se um estudante vai bem no geral, mas tem nota mediana em matemática, por exemplo, ele pode receber acompanhamento específico.”
Criado há pouco mais de um ano, o projeto vem crescendo rápido. O número de inscritos saltou de 3.900 mil para quase 12,7 mil nesta edição, um aumento de cerca de 226%. Cerca de 76% dos candidatos concluíram o ensino médio em escolas públicas, e a maioria é do próprio estado.
Estudantes de quase todo o país se inscreveram para o Exato 2025/2. Apenas Acre, Rio Grande do Norte e Roraima não têm representantes inscritos nesta edição. Também há forte presença de moradores de regiões vizinhas: Maranhão (10%), Pará (4,5%), Goiás (2,3%), Piauí (1,3%) e Bahia (1,2%).
Outro fator citado pelos organizadores é a redução no número de provas que os estudantes precisam enfrentar. Segundo Cezari, antes era comum que o candidato passasse por vários finais de semana de exames —um para cada instituição, além do Enem.
Porém, mesmo com o avanço, os organizadores reforçam que o projeto não substitui o exame nacional. “Eles não são concorrentes. O Exato garante a regionalização, enquanto o Sisu mantém a universalização do acesso”, diz Cezari.
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