Uma nova ação judicial apresentada nos Estados Unidos alega que a plataforma de jogos Roblox não adotou medidas de segurança consideradas necessárias para proteger uma adolescente de Oklahoma que, segundo o processo, foi alvo de exploração sexual por um adulto após ambos se conhecerem por meio do aplicativo. A plataforma enfrenta pressão legal crescente, com diversos processos semelhantes movidos nos últimos anos.
A ação foi protocolada pelo Dolman Law Group na quinta-feira, no Tribunal Distrital dos EUA para o Distrito Norte da Califórnia. O adolescente, identificado nos autos como “John Doe JH”, figura como autor, enquanto a empresa Roblox aparece como ré.
A denúncia afirma que a plataforma funciona há anos como um “campo de caça” para predadores que buscam acesso a menores, argumentando que o sistema não realiza triagem adequada dos usuários. O processo sustenta: “Como resultado direto do descaso imprudente do réu pela segurança da criança, o autor sofreu um trauma psicológico devastador e que alterou sua vida para sempre”.
Segundo o documento, a mãe do adolescente acreditava que o aplicativo era seguro por ser divulgado como voltado ao público infantil. A queixa afirma: “Sem que a mãe da autora soubesse na época, isso não passava de uma falsa fachada de segurança”.
De acordo com os advogados, o adolescente era um usuário frequente da plataforma em 2023, quando foi abordado por um indivíduo que teria mentido sobre a própria idade. A denúncia relata que o adulto se aproximou utilizando “táticas de aliciamento bem documentadas” e, após estabelecer confiança, enviou mensagens e imagens inadequadas. O documento afirma que o predador coagiu o adolescente a enviar imagens de si, usando a relação criada dentro do aplicativo.
O processo pede que a Roblox indenize o autor por danos emocionais, despesas médicas e outros prejuízos associados ao caso. Em resposta, um porta-voz da empresa declarou: “Estamos profundamente preocupados com qualquer incidente que coloque nossos usuários em perigo. Embora não possamos comentar sobre alegações apresentadas em processos judiciais, a proteção das crianças é uma prioridade máxima, e é por isso que nossas políticas são propositalmente mais rigorosas do que as encontradas em muitas outras plataformas”.
A empresa informou que lançou 145 novas iniciativas de segurança em 2025, incluindo parcerias com órgãos de segurança e organizações especializadas em proteção infantil, como a Tech Coalition e o projeto ROOST (Robust Open Online Safety Tools). O porta-voz acrescentou que a Roblox incentiva a denúncia de conteúdos ou comportamentos irregulares e afirmou que a plataforma utiliza moderação humana e tecnologia de monitoramento contínuo.
No início deste mês, a empresa anunciou que passará a exigir verificação de idade por meio de reconhecimento facial ou confirmação documental para liberar o bate-papo entre usuários da mesma faixa etária. A medida será implementada inicialmente em mercados selecionados em dezembro e expandida globalmente em janeiro. “Essa inovação permite o bate-papo baseado em idade e limita a comunicação entre menores e adultos”, afirmou o porta-voz.
Especialistas em segurança digital, porém, expressam preocupação com o histórico da plataforma. Tim Nester, vice-presidente de comunicações do Centro Nacional de Exploração Sexual, disse ao The Christian Post: “Não há dúvida de que o recurso de bate-papo do Roblox permitiu que predadores aliciassem crianças para abuso sexual. Menores também podem acessar ‘experiências’ sexualmente explícitas, e houve moderação mínima e facilidade para burlar os controles de segurança”.
Nester defendeu a aprovação da Lei de Segurança Online para Crianças (Kids Online Safety Act), afirmando: “As crianças não devem ser vítimas de plataformas de jogos voltadas para o público infantil”.
O caso do adolescente de Oklahoma se soma a outros episódios envolvendo usuários menores de idade. Em 2023, a emissora WABC noticiou o sequestro de uma menina de 11 anos de Nova Jersey por um homem que ela havia conhecido na plataforma. Em outro episódio, relatado pela NBC News no mesmo ano, autoridades resgataram um menino de 13 anos em Utah que havia sido aliciado por um predador que utilizava aplicativos como o Roblox.
















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