Nos últimos cinco anos, cursos de graduação com foco em inteligência artificial deixaram de ser experimentais e se tornaram parte consolidada do ensino superior brasileiro. Segundo o Ministério da Educação, já existem ao menos 28 bacharelados com “inteligência artificial” no nome, com diferentes abordagens.
Boa parte dessas graduações surgiu após 2020, especialmente em universidades públicas. Hoje, têm alta procura no Sisu (Sistema de Seleção Unificada) e figuram entre os cursos mais disputados das instituições onde são oferecidos.
As graduações se dividem em três modelos principais: cursos exclusivos de inteligência artificial, como os da UFG (Universidade Federal de Goiás); cursos combinados de ciência de dados e inteligência artificial, como os da UFPB (Universidade Federal da Paraíba) e da UEL (Universidade Estadual de Londrina); e formações que unem inteligência artificial e engenharia de software, como na UFPR (Universidade Federal do Paraná).
Para o professor do Instituto de Informática da UFG, Anderson Soares, a criação de graduações em IA no Brasil é uma questão estratégica. Ele defende que a universidade tem papel central nessa formação, tanto pela produção de conhecimento quanto pelo acesso mais equitativo.
“O nosso papel é formar quem entende como ela [IA] funciona e pensa criticamente sobre o que está fazendo.”
Já para Paula Maçaira, coordenadora da nova graduação de inteligência artificial da PUC-Rio, a preocupação está em garantir que os alunos compreendam tanto o funcionamento técnico da IA quanto os impactos que ela pode gerar. “O curso é técnico-científico, mas também é um banho de ética e visão crítica”, afirma.
Confira abaixo algumas das principais graduações em IA no Brasil:
UFPB
Primeira universidade pública a criar um curso que une ciência de dados e inteligência artificial, a UFPB lançou a graduação em 2020, após três anos de estudos sobre tendências internacionais. O curso tem quatro anos de duração, carga horária de 3.000 horas e oferece 30 vagas por semestre, com aulas em tempo integral. Em 2025, teve nota de corte de 713,48 pontos no Sisu.
A grade abrange matemática, estatística, computação, aprendizado de máquina, mineração de dados e ética em IA.
UFG
Criado em 2020, o curso de inteligência artificial da UFG superou medicina como o mais concorrido da universidade no Sisu desse ano. A graduação foi idealizada a partir de projetos de inovação com empresas e consolidada com um investimento de R$ 12 milhões da Fapeg (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás).
A estrutura do curso inclui quatro grandes eixos: fundamentos técnicos, IA aplicada, empreendedorismo e integração com o mercado. Os alunos participam de projetos com empresas desde o início da graduação, em regime remunerado e com supervisão da universidade. “Eles saem com dois, três, até quatro projetos reais no currículo”, diz Anderson Soares.
Com taxa de evasão inferior a 4%, a formação atrai estudantes de diferentes estados. “A formação entregou bons resultados e virou referência. Hoje temos mais de 70 empresas parceiras.”
PUC-Campinas
A graduação de ciência de dados e inteligência artificial combina disciplinas de programação, estatística, bancos de dados e inteligência artificial. O curso foca na criação de ferramentas para lidar com grandes volumes de dados em setores como saúde, finanças, educação e administração pública.
PUC-Rio
Estreando neste segundo semestre de 2025, a graduação em inteligência artificial foi criada com base em quatro eixos: base técnico-científica, formação humanística, habilidades de liderança e inovação. “É um curso integral, exigente, para quem quer se aprofundar em IA e não ser apenas usuário da tecnologia“, afirma Paula Maçaira.
A grade inclui temas interdisciplinares ligados a áreas como saúde, segurança e relações internacionais. Os alunos desenvolvem projetos integrados com empresas ao longo do curso e encerram a graduação com um Capstone Project, em parceria com o setor produtivo.
UFPR
O curso de inteligência artificial e engenharia de software da UFPR forma profissionais capazes de desenvolver sistemas e analisar grandes volumes de dados. O currículo cobre desde programação até algoritmos complexos.
Em 2025, primeiro ano do curso no Sisu, a nota de corte foi de 729,68 pontos.
PUC Minas
Na PUC Minas, o curso de ciência de dados e inteligência artificial tem base interdisciplinar e formação voltada à ética e ao pensamento crítico. A grade inclui disciplinas como aprendizado de máquina, estatística multivariada e projetos em Big Data. Os alunos têm contato com o setor produtivo desde a graduação.
PUC-SP
O bacharelado em ciência de dados e inteligência artificial da PUC-SP adota o conceito de Humanistic AI, voltado ao uso ético da tecnologia. A formação é baseada em projetos desde o primeiro ano. Parcerias com empresas como IBM e com a escola francesa Éstiam ampliam o contato com o mercado e oferecem experiências internacionais.
UEL
Na UEL, o curso de ciência de dados e inteligência artificial oferece formação teórica e prática desde os primeiros semestres. Os alunos estudam programação, modelagem de dados e algoritmos inteligentes, com aplicação em áreas como saúde, logística, finanças e urbanismo.
No Sisu 2025, o curso teve nota de corte de 735,20 pontos.
















Deixe um comentário