Terceira Metade, o novo reality do Globoplay, me provocou uma sensação velha e outra nova. A velha é a de que reality de sexo é tão viciante quanto cigarro; difícil parar depois que se começa. A nova é que Deborah Secco, uma mistura maravilhosa de Susana Vieira e Elke Maravilha, já pode pensar em se aposentar das novelas para seguir carreira de apresentadora.
Pegando carona no sucesso de Casamento às Cegas, De Férias com o Ex e afins, o novo programa tenta dar um passo à frente e promover a formação de trisais. No elenco, estão quatro casais, três homem-mulher e um mulher-mulher; e mais nove pessoas solteiras e bissexuais, os “poliamores”. O primeiro cenário é um resort paradisíaco na Bahia, mas depois os participantes terão que viver num lugar mais ingrato para a libido: um condomínio.
Ostentando dezenas de “lookinhos” deslumbrantes, Deborah encarna com talento mais uma personagem: a da tia ansiosa para ver os jovens dando match e acasalando. Depois de apresentar as dinâmicas, ela, em geral, anuncia que vai pegar uma pipoca para assistir de camarote. “Tô ansiosíssima para ver esse sexo!”, ela exclama em dado momento. Tudo no sentido figurado, claro.
Nossa diva também não se preocupa em esconder um eventual crush por um ou outro bonitão do elenco. “Sou parcial mesmo”, comenta, sem acanhamento. Em outro momento, ao lado da especialista Regina Navarro Lins, Deborah bota um paletó GG saído de um brechó, senta-se na máquina de escrever e, como se estivesse na delegacia, se põe a datilografar as regras prévias que os casais já tinham entre si antes de virem ao reality.
No momento que mais me levou às gargalhadas até agora, um casal está no meio de uma DR profundíssima quando Deborah e Regina interrompem no quarto para prestar assistência. Já virou meu novo pesadelo; no meio da minha próxima DR, vai bater aquele medo de uma Deborah Secco aparecer para se meter.
E o que já podemos ver dos possíveis trisais nos três primeiros episódios? “Cansamos de aplicativos e partimos para o reality”, disse o casal Bia e Liah. Pena que nem a TV está mais imune à lógica dos Tinders e Bumbles da vida. De cara, todos são implicitamente intimados a se definirem: hétero, gay, bi, ativa, passiva, relativa, bissexual heteroafetivo e por aí vai.
Logo na primeira dinâmica, feita de encontros à luz de velas entre um casal de um lado e um poliamor do outro, podia-se dar “unmatch” a qualquer momento apagando a vela na mesa. Saudade dos tempos em que, num jantar romântico desses, ninguém iria ter a infeliz ideia de apagar a pobre da chama.
Em Terceira Metade, pode-se curtir um “speed date” (encontro rápido) ou um “speed beijo”. E dá-lhe beijo a três, com a câmera se contorcendo para pegar o melhor ângulo. O difícil é ter tempo de qualidade para conhecer um novo parceiro com calma, já que o rodízio não só é permitido como incentivado.
Mas não dá para dizer que os conflitos decepcionam. Já tivemos desde o marido de um casal aberto que se anima todo quando a marmita é outra mulher, mas surta de ciúme quando a esposa beija outro bonito; e um casal que afundou os primeiros dates porque um dos parceiros (ou parceiras) não está apto à não-monogamia e foi parar no programa errado.
Resumindo: Terceira Metade vai encher de argumentos os dois lados da mesa (ou da cama) –o dos que consideram a não monogamia o futuro da humanidade e o daqueles que têm certeza que é só questão de tempo para afundar um barco do amor com três tripulantes.
Mas o que importa mesmo é que Deborah Secco já é a minha nova apresentadora preferida. Se amanhã ela aparecer apresentando reality de decoração, gênero que eu detesto, darei uma chance por ela, e só por ela.
Terceira Metade, com Deborah Secco
Globoplay – Três episódios já disponíveis; quatro novos episódios nesta sexta (25); três finais no dia 1 de agosto
















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