Se existe algo que neste ano vai ser comum, tanto para quem vai fazer o Enem e os vestibulares pela primeira vez ou para quem já é veterano, é que não há como não usado a inteligência artificial na sua preparação, ou ao menos ouvido falar dela. Se você já pesquisou ou usa IA para suas pesquisas, deve estar recebendo um bombardeio de ofertas de cursos, plataformas, professores.
Depois de ser apresentado a esse mundo dos primeiros prompts —que é um texto em linguagem natural, como uma pergunta ou comando, que se dá a uma inteligência artificial—, descobrir coisas que a IA pode fazer e alcançar os primeiros resultados, começam a vir dúvidas.
Qual é o melhor modelo de IA para textos, resumos, mapas mentais, vídeos, animações, publicações, questões, estatísticas, conteúdos? O que era para trazer alívio vira uma enorme interrogação. Todos os dias surgem novas ferramentas, associadas a influenciadores que apontam a especificidade de cada uma de forma sedutora, mostrando que isso é uma necessidade. O que fazer? Abandono de vez as IAs e volto ao estágio “primitivo” das anotações no caderno? No máximo uma aulinha no YouTube? Claro que não!
Já passamos por muitas mudanças e incrementos na tecnologia, alguns que foram modismos, tornando-se obsoletos, outros que permaneceram, mas a maior parte dos especialistas garante que a Inteligência Artificial veio para ficar e que ainda vai gerar muitos dilemas éticos, sociais e econômicos, alguns associados a discursos apocalípticos, pelo receio de ela representar a possibilidade de substituição do trabalho humano e tantas outras questões.
Como toda ferramenta tecnológica —entenda-se tecnologia como todo artifício, estratégia ou instrumento criado pelo homem para tornar sua vida mais fácil—, precisaremos de um tempo para, empiricamente, entender seus impactos para a coletividade, em especial para a educação.
Voltando a quem vai fazer o Enem e vestibulares, as IAs têm muito a contribuir, desde que você assuma o controle do processo, não somente com a engenharia de prompts certeiros, mas com a maturidade de quem compreende que o que essa era tecnológica fez foi agrupar, associar, potencializar a capacidade humana de aprender e desenvolver conhecimentos, de se reinventar, ousando, tentando, errando, até finalmente acertar. Isso não é apenas sobre questões de prova!
Nesta semana, eu solicitei uma atividade à IA que assino. Ao final, depois de toda a validação do projeto, ela pediu 30 minutos para entregar as versões finais em PDF e um PPT. Pensei: Vou dormir. Amanhã cedo eu pego o arquivo finalizado. Para minha surpresa, no dia seguinte, vi que não estava concluído e, prontamente, escrevi um prompt cobrando. Afinal, máquinas não dormem nem cansam! E foi uma longa jornada de questionamentos, falhas, até que entendi sua limitação.
Nos treinamentos dos quais participei, como um iniciante que ainda sou, todos terminavam falando sobre a importância da intervenção humana após cada tarefa realizada pela IA. Cabe a nós, humanos, analisar, criticar a tarefa, até descobrir que não acabou, que pode melhorar.
Foi aí que lembrei de um amigo arquiteto, muito espirituoso, que me deu uma lição sobre reforma, que etimologicamente significa dar uma nova forma: “Reforma nunca acaba. A gente é que dá ela por acabada!”. Assim é o seu conhecimento e o da humanidade. Está sempre em reforma, a não ser que você decida dar por acabado.
A inteligência artificial está aí. Use-a, mas use-a com a racionalidade de quem precisa focar nos temas mais importantes, de rever as questões das provas passadas para ter um perfil da prova, saber quais questões impactam mais a sua nota, mas também a use com consciência, sem superexposição, nem dependência. Esteja sempre você no controle, sem abrir mão da ética e do desejo de continuar seguindo sua reforma. O prompt é simples: siga sempre melhorando.
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