Lar Educação Faculdades mudam ensino para geração Z pós-pandemia – 02/06/2025 – Educação
Educação

Faculdades mudam ensino para geração Z pós-pandemia – 02/06/2025 – Educação

Ally Wilkinson não planejava passar seu último ano na Universidade Wake Forest, nos Estados Unidos, fazendo algo estressante: conciliar um emprego em tempo integral em uma empresa global de consultoria enquanto também frequentava aulas para concluir seu diploma.

Como muitos de sua geração, Wilkinson exige que seu trabalho permita equilíbrio com a vida pessoal e bem-estar, incluindo tempo para exercícios e socialização. Quando diz aos seus chefes que tem uma aula ou uma reunião fora do trabalho, por exemplo, eles dizem para ela ir. Mesmo assim, ela diz que “eles ficam irritados”.

Wilkinson e outros recém-formados estão iniciando carreiras em um momento de forte desconexão geracional sobre como o ambiente de trabalho deve funcionar e como os funcionários mais jovens devem se comportar nele. Em resposta, muitas faculdades estão reescrevendo a maneira como preparam os estudantes para empregos —e para a vida.

Parte desse ajuste é resultado de mudanças que as faculdades notaram em seus alunos: por terem perdido experiências presenciais importantes devido à pandemia e com muitas aulas ainda no formato online, os novos formandos e outros membros da geração Z muitas vezes não têm experiência em se manifestar em grandes grupos, pedir ajuda ou responder a superiores hierárquicos.

Essa geração, com nascidos entre 1997 e 2012, também cresceu com ameaças como a Covid, tiroteios em escolas e o impacto das redes sociais, incluindo bullying e insegurança semeada por pressão da cultura pop. Isso levou muitos deles a priorizar seu bem-estar mental, de acordo com pesquisas e especialistas. Estudos mostram que uma grande parcela dessa geração trava uma batalha com o bem-estar e quer poder falar sobre isso no trabalho.

Ao mesmo tempo, “há alguns estudantes que ficam estressados facilmente e priorizam cuidar de si mesmos em vez de serem responsáveis”, diz Briana Randall, diretora-executiva do Centro de Carreira e Estágio da Universidade de Washington.

O resultado é um desacordo sobre quanto os empregadores devem se adaptar às necessidades individuais. Conforme os jovens trabalhadores falam sobre expectativas de equilíbrio entre vida profissional e pessoal, eles são rotulados como não profissionais e mimados.

Uma pesquisa da Intelligent.com de 2024 com gerentes descobriu que 51% disseram estar frustrados com funcionários da geração Z —e 27% evitariam contratá-los.

Para as faculdades —avaliadas por quão bem preparam os estudantes para o mercado de trabalho— isso significa que não é suficiente organizar feiras de emprego ou auxiliar com currículos, cartas de apresentação e simulações de entrevistas. Os estudantes precisam de instrução explícita sobre tarefas tradicionais como redigir um email profissional (sem emojis ou pontos de exclamação) e etiqueta no trabalho (como iniciar e encerrar uma conversa). Também precisam aprender a reagir às demandas do ambiente de trabalho, segundo Shannon Anderson, professora de sociologia da Roanoke College na Virgínia que leciona um curso chamado planejamento e preparação para estágio.

Com a geração Z tendo perdido o aprendizado social e contando com “muita tolerância” para entrega de trabalhos atrasados no ensino médio e até na faculdade, “quando alguém chega e diz: ‘Você precisa entregar as coisas dentro do prazo’, eles se sentem irritados”, diz ela.

Anderson afirma ficar perplexa quando os estudantes declaram que “precisam de um dia de autocuidado” e diz que eles precisam ser ensinados sobre as expectativas profissionais.

A professora faz isso fornecendo informações extremamente explícitas. Para uma geração acostumada a conselhos passo a passo no TikTok e Instagram, saber o que fazer em detalhes lhes traz alívio.

Jennifer Burch, uma estudante do último ano que planeja uma carreira em saúde pública, fez o curso de Anderson. A jovem afirma que, só porque sua geração cresceu com a internet, as pessoas mais velhas acham que sabem tudo sobre como se corresponder com outra pessoa por e-mail ou por telefone. “Algumas pessoas nem sabem como atender telefones”, diz.

Disciplinas que outras gerações poderiam apontar como senso comum aparecem em cursos de faculdades como a de Roanoke. A Universidade Johns Hopkins em Baltimore oferece cerca de 20, e Wake Forest tem cinco. Em todo Estados Unidos, 486 escolas ensinam um conjunto de competências de carreira desenvolvidas pela NACE (Associação Nacional de Faculdades e Empregadores), e muitas as integram em cursos acadêmicos.

Enquanto a maioria das competências se concentra em habilidades para a vida profissional —como a importância de estar presente e preparado—, uma delas, chamada desenvolvimento de carreira e autodesenvolvimento, mergulha na saúde mental e bem-estar. Ela explora como um estudante pensa sobre seu ser completo e o que significa ter equilíbrio entre vida profissional e pessoal, de acordo com o presidente e CEO da NACE, Shawn VanDerziel.

A noção de que você é mais do que seu trabalho é importante, embora não seja destacado na universidade. Mas isso está mudando. Johns Hopkins, por exemplo, reformulou a abordagem para ajudar os estudantes a encontrar um emprego a fim de ajudá-los a buscar satisfação na vida pessoal.

“O que a geração Z está pedindo é: ‘Proporcione um ambiente de trabalho no qual eu possa trabalhar e me sentir realizado'”, disse Farouk Dey, vice-reitor que em 2018 começou a transformar o aconselhamento de carreira do campus para se concentrar em “design de vida”.

Hoje, o Centro Imagine de Hopkins, inaugurado em 2022 junto ao estádio de futebol, oferece café e chocolate quente gratuitos, móveis modulares confortáveis e espaços de trabalho fechados com palavras como “hygge” (o conceito dinamarquês de aconchego) e “imi ola” (expressão havaiana que representa busca da melhor vida) gravadas em letras no vidro.

Em vez de pressionarem os estudantes sobre o que eles querem ser e depois criar “caminhos muito lineares para isso”, Dey disse que os funcionários buscam descobrir o que desperta a curiosidade dos jovens e os ajudam a investigar esses caminhos, incluindo se uma paixão se tornará um emprego —ou uma vocação.

Isso é novo para uma universidade de elite que normalmente envia graduados diretamente para finanças, consultoria, tecnologia, governo, engenharia e saúde ou para escolas de direito e medicina. “Estamos tentando desvincular a identidade deles do resultado que eles chegam aqui dizendo que é ‘sucesso'”, diz Matthew Golden, que lidera o Laboratório de Design de Vida no centro.

FONTE

Deixe um comentário

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Artigos Recentes

Categorias

Artigos relacionados

Enem Belém 2025: confira gabarito oficial do primeiro dia – 04/12/2025 – Educação

O Inep, órgão ligado ao MEC (Ministério da Educação), divulgou nesta quinta-feira...

Daniel Vilela inaugura nova escola em Aparecida de Goiânia e reforça meta de substituir unidades de placas

O vice-governador Daniel Vilela entregou, nesta terça-feira (21/10), a nova sede do...

Trabalhar é motivo para maioria dos homens deixar escola – 03/12/2025 – Educação

A necessidade de trabalhar foi motivo listado pela maioria dos homens entre...

Porangatu anuncia bonificação histórica para profissionais da educação

A Prefeitura de Porangatu encaminhou à Câmara Municipal o Projeto de Lei...