A máxima esportiva “treino é treino, jogo é jogo” também se aplica a quem se prepara para o Enem. Ainda que a prova oficial traga pressão e exigências únicas, é por meio dos simulados que o estudante consegue se aproximar das condições reais do exame.
Assim como no esporte, o desempenho no “jogo” —que neste caso são os dois dias de prova, em 9 e 16 de novembro— depende do treino de desenvolver estratégias, administrar melhor o tempo e identificar pontos de melhoria antes da avaliação oficial.
Para o professor Dawison Sampaio, supervisor pedagógico do 3º ano do colégio Farias Brito, de Fortaleza, o simulado é o principal balizador do processo de estudo. Ele explica que a prática desse tipo de prova permite ao estudante o conhecimento do estilo do exame.
“Quando o aluno vai realizando alguns simulados, ele começa a compreender qual é o tipo de pergunta que estará na prova na hora que for valendo”, explica. Essa familiaridade é importante, seja para o Enem, com seu modelo de TRI (Teoria de Resposta ao Item), ou para vestibulares tradicionais como a Fuvest e a Unicamp.
Outro benefício do simulado é revelar ao estudante o que ele já domina e o que precisa ser aprimorado. Com esse diagnóstico, é possível ajustar os estudos de forma estratégica e acompanhar a própria evolução.
Por isso, o trabalho não termina quando a prova é entregue. O pós-simulado é mais importante que a sua própria realização. “Quando você tem um resultado nas suas mãos, cabe ao aluno fazer um processo de verificação das questões onde ele cometeu erros”, orienta Sampaio.
O professor Yan Luz, coordenador da rede Anglo Alante, de São Paulo, recomenda que o estudante procure identificar não apenas a disciplina em que errou, mas o conteúdo específico dentro dela, para otimizar o tempo de estudo.
“Imagine um aluno que acertou apenas 3 de 10 questões de ciências humanas”, explica Yan. “A partir daí, ele deve se perguntar ‘dentro dessa área, qual disciplina tem apresentado mais dificuldades?’ Se o problema está na geografia, o próximo passo é entender quais temas específicos têm causado mais erros.”
“É como um iceberg: o que aparece é só a superfície. É preciso mergulhar fundo para localizar, com precisão, o núcleo da dificuldade”, afirma o coordenador.
Sampaio sugere também que os alunos utilizem ferramentas tecnológicas, como planilhas ou quadros, para montar um histórico e identificar os assuntos mais recorrentes em que tem dificuldade.
A gestão do tempo também é um dos maiores desafios dos vestibulandos. As provas extensas exigem uma estratégia bem definida para evitar o desgaste físico e mental. De acordo com Sampaio, a prática do simulado permite ao aluno “entender quanto tempo ele vai ter para trabalhar cada item”. O professor do Farias Brito lembra que o senso comum de três minutos por questão, estimado no caso do Enem, nem sempre é aplicável, especialmente quando a TRI penaliza o estudante que erra questões consideradas fáceis.
O coordenador do Anglo Alante, por sua vez, aponta outro erro comum: iniciar a prova pela primeira questão e seguir até o final, sem pular pergunta ou área de conhecimento. “O ideal seria o aluno começar por aquela área que ele tem mais afinidade ou que vai ter um peso maior na entrada dele na faculdade.”
Além do aspecto pedagógico, o simulado tem um papel importante na preparação psicológica do estudante. Nesse aspecto, o processo não precisa ser uma jornada solitária. A família e a escola desempenham papéis importantes, oferecendo o suporte necessário para que o estudante mantenha o equilíbrio emocional e a disciplina.
Para Yan Luz, é essencial que os pais criem um ambiente emocionalmente saudável em casa, incentivando a participação nos simulados e estando ao lado do filho em suas decisões. “É toda uma estrutura, construir toda uma base emocional para esse aluno estar tranquilo para fazer a prova no dia.”
Por fim, o simulado também serve como uma ferramenta para que o professor avalie a sua própria didática. “É importante ajustar a rota do modelo de ensino que está sendo feito com aquela turma ao longo do caminho”, afirma Luz.
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